A Negação do Brasil – a luta contra o racismo da lei às telas

Séculos depois da abolição, o documentário Negação do Brasil (2000), de Joel Zito Araújo, mostra como o racismo persiste na representação midiática. Analisando a presença dos atores negros nas telenovelas, a obra denuncia os estereótipos e a invisibilidade que marcam a cultura de massa. 

É um lembrete de que a luta não se restringe à esfera legal, mas também ao direito de existir e ser representado com dignidade.

Esse documentário reforça a reflexão de que o fim da escravidão, em 1888, não acabou com o raciscmo no Brasil. Ele continuou vivo, só de outras formas. Entenda melhor, na sequência, a evolução desse tema conforme às mudanças na lei.

O Brasil antes das leis antirracistas

Durante muito tempo, não existia nenhuma proteção real contra o racismo. Ser discriminado era quase “normalizado” pela sociedade e o silêncio jurídico reforçava isso. Foi somente a partir de 1951, com a Lei Afonso Arinos, que classificou esse ato como uma contravenção penal, que novos debates a favor de punições mais rígidas começaram a surgir. 

Ainda assim, nas décadas seguintes, na televisão os papéis dedicados a pessoas negras continuavam restritos às posições de servidão, como empregados e, até mesmo, escravos; ou então, eram definidos em posições sem destaque dentro das cenas. 

Evolução das Leis Antirracismo 

A partir da pressão dos movimentos negros, as leis começaram a mudar:

  • 1988 – Constituição Federal: declarou o racismo como crime inafiançável e imprescritível.
  • 1989 – Lei Caó: transformou o racismo em crime com pena de prisão.
  • 2010 – Estatuto da Igualdade Racial: trouxe medidas de inclusão e promoção da igualdade.
  • 2012 – Lei de Cotas Raciais: abriu portas para negros em universidades e concursos públicos.

Mas como Joel Zito mostra no filme, a questão não é só jurídica. O racismo também está nas imagens que consumimos todos os dias. 

Quantas vezes vimos protagonistas negros nas novelas? Quantas vezes esses personagens tiveram histórias complexas e dignas, em vez de apenas papéis subalternos?

Essa invisibilidade e estereotipação são formas de negar a presença negra no espaço simbólico da mídia. E isso pesa – porque não basta existir a lei, é preciso existir a representação.

De ontem para hoje: o que mudou?

Felizmente, as coisas estão mudando. Há mais atores negros em papéis de destaque, mais novelas e séries que discutem a questão racial, além de movimentos sociais e digitais que não deixam esse debate morrer. Ainda é uma luta diária, mas bem diferente de um passado em que quase não havia nem voz, nem lei.

Autor: Julia Nhoato Bovolenta, estudante de Direito da Universidade Santa Lúcia de Mogi Mirim – São Paulo

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